quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Família

Instituição frágil,
lábil, degradante.
De errante a negligente
finge que é gente
e se entrega, ausente.


Quando dependentes deles,
mais ausentes se entregam.
Silêncio velado, grito fervente.
Ente serpente, rouba da gente
o que de nós já se perdeu faz tempo.


Danielle Ronald de Carvalho









Quadrados abstratos- Nankin em papel Canson A4 creme 210mmx297mm

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sujeito oculto 

Dedico este poema ao sujeito oculto que haverá de ser determinado um dia, a todos os românticos por natureza e ao meu poeta amigo ultra-romântico Reginaldo Do Val.



Será que terei a sorte do porvir?

Imergir em sujeito futuro,

hoje oculto, talvez, quem sabe,

Outrora implícito?



Te busco em tropeços,

trôpegos e capengas.

Desequilibro-me entre certezas

e ausências.

Desencontros permanentes,

crentes de ti

e ardentes por nós.



Onde te encontras, sujeito?

Não acredito na tua inexistência,

a minha existência clama por ti

e a minha essência é tua.



Acabe com esta busca,

Se rebusque,

Me encontre.


Espero-te desde que nasci.


Danielle Ronald de Carvalho















Escultura de Auguste Rodin O Beijo / Le Baiser S 174 Gesso / Plâtre 184x 112 x 110 cm.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015



Eremitando



Na solidão me entrego,
entre olhares perdidos,
Erguidos em escapismo.
Lirismo encoberto.


No horizonte me enterro,
neste luto eterno,
entre meu mundo interno,
e a realidade que impera.


Quisera eu poder inventar
minha quimera,
e dela fazer minha existência,
substância, essência.



Danielle Ronald de Carvalho



















terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Discurso em crise



Discurso em crise

(Dedico este poema ao meu pai do coração Marcio Ziese)



Letras voam,
Aéreas no ar.
Consoantes, antes
Levadas a sério,
Hoje despencam
Em queda livre.


Vogais se chocam
Silabas abaixo.
Palavras já não existem mais.


Sons ecoam em dissonâncias,
Nada parece ressonante.


O que antes teria relevância,
Hoje já não encontro mais.


Há mais linguagem desabando
Do que ação se concretizando.


Estamos capotando em discurso.

Danielle Ronald de Carvalho

















Imagem de Luis Ferreira

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015



Submundos humanos

Porões sombrios,

Ocultos, aflitos,

Imundos, emudecidos,

Intumescidos de pó.

Ambientes inoportunos,

Em turnos de dó,

Taciturnos,

A clamar,

Em dó maior.


Danielle Ronald de Carvalho



sábado, 3 de janeiro de 2015



Mães


(Dedico este poema a minha mãe Fernanda Bezerra de Almeida)

Desconcerto a cada instante,
Antecipam o que de nada sei.

Serei quem sabe um dia alguém?
Não sei.
Só sei que se eu for de rosa,
Minha mãe vai querer que eu fique prosa.
Agora se eu for de verde,
De certo vai querer que eu vire verso.
Virando-me do avesso sendo prosaica e verso,
O inverso não agradaria.
O desagrado é certo,
Torto por acertos,
De certo conotativo,
Em verso e prosa.

Danielle Ronald de Carvalho